sábado, 19 de julho de 2008

...Neuro é desconhecido por aqui



Neuro, do mangá Majin Tantei Nougami Neuro
Pena que não é tão conhecido no Brasil
É divertido e bizarro ao mesmo tempo o_o
Neuro FTW (H)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

... O Capítulo 1 de OI tá aqui

CAPÍTULO 1

Arthur tinha dezesseis anos quando cursava o primeiro colegial. Sentava-se na penúltima carteira da terceira fileira da sala de aula de cores muito claras e dimensões apertadas demais. O sol, contra o branco das paredes, cegava a visão dos alunos sonolentos, induzindo-os a se deitarem sobre suas mesas de trabalho na tentativa de protegerem seus olhos. Tal ação, no entanto, fazia com que pegassem no sono mais facilmente, e por conseqüência, levassem advertências dos professores e acabassem conversando com o diretor sobre o ocorrido, enquanto tentavam, inutilmente, culpar as paredes da sala por isso.
Seus olhos verdes vigiavam o professor de matemática, que andava de um lado para o outro da sala, entregando as provas corrigidas para os alunos, que naquele dia não teriam que se justificar na diretoria, já que as notas lhes causavam um leve susto e eles perdiam o sono por completo. Metade dos alunos já tinha conferido suas notas e caído no desespero de perceber que ficaria de recuperação e, por isso, faria com que seus pais ficassem zangados. Zangados, esses pais castigariam seus filhos, suspendendo sua mesada por algum tempo ou negando várias coisas que não negavam a eles no dia-a-dia, como por exemplo: dinheiro para sair, roupas, celulares, carros, viagens à Disney, entre outras coisas.
Percebeu que o professor vinha em sua direção. Seu coração começou a bater mais rápido. Mesmo sabendo que tinha ido bem na prova, sempre ficava nervoso momentos antes de ver sua nota. Sua ansiedade, porém, teve que se acalmar e esperar para aparecer novamente mais tarde, porque a prova fora entregue para Ana, e não para ele. A amiga sentava-se na carteira posterior à dele há anos, por mais que mudassem de sala, os dois sempre se sentavam no mesmo padrão. Nos primeiros dias de aula de cada ano, sempre que algum deles ocupava um lugar, outros alunos da sala já deixavam o do outro vago, porque sabiam que se alguém sentasse lá, daria confusão. Arthur e Ana sempre sentavam juntos, e ninguém conseguiria mudar isso.
Olhou para ela e percebeu um sorriso se alargando. Os olhos negros de sua amiga brilharam um pouco mais que o normal, enquanto ela conferia o resultado, exultante. Arthur achava Ana bonita normalmente, seus cabelos negros contrastavam com sua pele pálida. Além disso, a amiga se vestia de uma forma bem característica, que lhe caía bem: blusinhas listradas e calças jeans apertadas eram sua marca registrada. Quando ela sorria, porém, o garoto sorria junto com ela, não conhecia outro tão cativante como o dela.
— Como foi? — Perguntou Arthur.
— Você não vai acreditar! — Respondeu ela, sorrindo. — Tirei dez!
— Uau! Parabéns, Ana! Nossa... Realmente, você mereceu! Tipo, nem sei o que te dizer. – O garoto parecia tão feliz quanto ela.
Arthur sabia da dificuldade que sua amiga tinha em matemática. Por mais que estudasse, Ana sempre acabava confundindo toda a matéria, o que aumentava ainda mais seu nervosismo, fator que a atrapalhava muito durante as provas. Eles estavam no terceiro colegial, e era a primeira vez em toda sua vida que Ana tirara uma nota boa numa prova daquele assunto. Normalmente, ia mal ou razoavelmente bem, ficando quase sempre de recuperação. Estava realmente muito feliz por ela.
Lembrava-se que a garota começara a estudar para essa prova há uma semana. Ela havia prometido a si mesma que dessa vez tiraria uma boa nota. Arthur havia acompanhado todo o esforço que ela tivera para assimilar a matéria, e ainda assim, acabava confundindo alguns pontos importantes, às vezes. Ana dedicara-se exclusivamente à prova de matemática porque nas outras suas notas eram sempre boas, só a matemática a perseguia desde que havia entrado na escola. Ela costumava dizer, inclusive, que era um grande paradoxo, por conseguir realizar equações físicas com sucesso se nas matemáticas básicas ela sempre tinha problemas.
Parabenizou-a novamente, dirigindo o olhar para o professor, que entregava as últimas provas do maço. Seu coração voltou a bater forte novamente quando uma prova foi deixada sobre sua carteira. Agora sim era a sua. A primeira coisa que fez foi olhar sua nota; quando a viu, um leve desapontamento invadiu seu corpo: tinha tirado nove. Tudo bem, ele tinha estudado pouco, então a nota era justa. É claro que preferiria ter tirado uma maior, mas nove estava de bom tamanho. Lembrou-se então da nota de Ana, maior que a dele. Foi então que o garoto começou a sentir algo ruim dentro de si. É claro que ela tinha estudado muito mais, só que Arthur sempre tirava as maiores notas em matemática. Estava feliz por Ana finalmente ter tirado uma boa nota, só que não tinha gostado do fato de sua nota ter sido menor que a dela; ela poderia ir bem, sim, mas não tirar uma nota maior que a dele. E a rixa não era com Ana, nem faria sentido se fosse, já que ela era sua maior amiga, só que não gostava que alguém o superasse, seja lá onde fosse e quem quer que fosse.
Sabia que a amiga perguntaria que nota ele havia tirado em pouco tempo, preparou-se para fingir que estava satisfeito, não iria estragar a felicidade de Ana. A felicidade dele, porém, tinha murchado um pouco.
Arthur estava parado em pé no meio do banheiro de azulejos brancos apertado e bem iluminado, não conseguia tirar seus olhos do espelho que refletia seu corpo alto e seu rosto preocupado. Tentava, ainda inutilmente, mexer seus braços, mas percebia, ao ver seu reflexo, que eles não se moviam nem um milímetro. Começou a ficar desesperado, ainda mais por não possuir a mínima idéia do que poderia ter acontecido. E o desespero, é claro, tinha se intensificado a partir do momento em que vira a estranha mensagem pintada sobre o espelho. Simplesmente não conseguia ver sentido nenhum nela. Seus braços, mãos e dedos haviam sido tomados devido à sua má utilização nos últimos vinte anos? O que queriam dizer com aquilo? Não via nada que pudesse parece a sério nela. Ele desenhara muito bem desde que se entendia por gente, seus desenhos eram apreciados por várias e várias pessoas, logo, seus desenhos faziam o bem para elas. É claro que pensava assim com otimismo, porque não acreditava muito na idéia de que uma ilustração pudesse fazer com que as pessoas se sentissem bem, o fazia mais pelo prazer mesmo.Pelo menos a parte que dizia que entrariam em contato em breve era um pouco reconfortante, porque talvez assim poderia saber o que estava acontecendo e como conseguiria recuperar o movimento de seus membros. O mais estranho naquilo tudo fora a assinatura, um simples “oi”. Que ser em sã consciência assinaria algo com um “oi”?
O rapaz não tinha a mínima idéia do que poderia fazer, sair por aí gritando não adiantaria em nada, até porque ele nem tinha pra quem sair gritando. Ele mesmo não daria a mínima atenção se visse alguém gritando como um idiota na rua, a única pessoa que poderia ajudá-lo naquele momento era Ana. Sim, ligaria para ela. Correu de volta para seu quarto, procurando pelo telefone. Conseguiu encontrar o aparelho no meio do lençol amassado na bagunça que era a sua cama; mas quando o fez, todas as suas esperanças se esvaíram rapidamente: como ligaria para Ana se não conseguia mover sua mão? Pior ainda, como sairia de sua casa se não podia movê-la? A porta estava trancada, seria muito difícil abri-la. Se ela não estivesse trancada, pelo menos, poderia simplesmente morder a maçaneta e forçar até que abrisse, mas a posta estava trancada, então precisaria da chave. Até poderia pegar a chave com sua boca, mas seria impossível conseguir colocá-la na tranca para abrir a porta. Se não tivesse a mania idiota de tirar a chave sempre que trancava a porta, e simplesmente a deixasse lá, as coisas teriam facilitado um pouco. Sua única opção era ir até a casa da Ana, mas em seu estado atual, seria impossível sair da sua.
Tentava pensar em alguma saída, mas não conseguir encontrar nenhuma, o que conseguiria fazer sem seus braços? Começou a mudar o foco de sua preocupação, sair de lá uma hora ou outra ele conseguiria, mas como ficaria sua carreira se nunca mais poderia desenhar nada? Mesmo que tentasse fazê-lo com os pés ou com a boca, não conseguiria chegar ao nível atual de suas obras; e mesmo que conseguisse, levaria anos. Começou a sentir uma raiva por dentro, raiva da pessoa que tinha feito aquilo com ele. Mas como é que alguém poderia ter feito aquilo com ele? Não tinha sentido algum. Não havia como fazer uma pessoa perder o movimento dos braços assim, do nada; não que ele soubesse, pelo menos. Talvez até pudesse existir algum medicamento que fizesse isso, mas não conseguia pensar em alguém com ódio o suficiente por ele para fazer algo desse nível. Estava era com ódio de toda aquela situação, em pensar que todos os seus anos de estudo poderiam ter sido em vão. O desespero começou a ficar maior e tomar conta de toda a sua consciência.
Voltou ao banheiro novamente, queria ver aquela mensagem outra vez. Ficou olhando para ela por alguns minutos, até desistir de encontrar algo que fizesse sentido e sentar-se sobre a tampa fechada da privada branca, desconsolado. Não conseguia entender o que era tudo aquilo, não conseguia nem mesmo tentar entender. Olhou para seu reflexo e percebeu que sua pele estava mais pálida que o normal, sua respiração estava começando a ficar mais rápida, suas narinas se dilatavam a todo instante, seus cabelos estavam despenteados e seus olhos pareciam cansados. Sentiu que algo subia pela sua garganta enquanto se sentia cada vez pior, só se deu conta do que era quando algo passou por sua boca e o chão estava coberto por vômito. O cheiro do líquido que expelira era forte, e Arthur começou a se sentir nauseado, caindo sob o piso gelado, inconsciente. Tinha desmaiado.
Acordou pouco tempo depois, assustado com o fato de que sentia tapinhas em seu rosto. Abriu seus olhos e se deu conta de que um homem desconhecido encontrava-se em seu banheiro tentando reanimá-lo. Franziu as sobrancelhas, estranhando a presença daquele sujeito, levantando-se com dificuldade, meio zonzo, ao perceber que seus braços ainda não se moviam. O homem aparentava ter cerca de quarenta anos, seu cabelo curto e grisalho estava divido perfeitamente ao meio. Percebia-se que deveria ter gastos bons minutos para isso, pois Arthur nunca vira um penteado divido tão perfeitamente daquela forma. O sujeito, que tinha olhos castanhos e austeros, permaneceu em silêncio, parecia esperar que quem começasse a conversa fosse Arthur. O rapaz olhou para o chão à procura do líquido que expelira, mas ele não estava mais lá. Suas roupas, também, estavam perfeitamente limpas, como se não tivesse vomitado em momento algum. O silêncio permaneceu, até que Arthur cansou-se e perguntou:
— Quem é você? — Estava desconfiado do sujeito, ele poderia ter entrado em seu lar enquanto estava desmaiado, apesar de não saber como poderia ter entrado se o apartamento estava trancado. Continuou simplesmente a encará-lo.
O homem sorriu, respondendo com sua voz grossa e severa.:
— Eu sou aquele que fez tudo isso o que aconteceu até agora com você. Desde os membros imóveis, ao seu repentino desmaio. Pode me chamar de senhor Gustavo, meu caro Arthur. – Ele olhou para o espelho e completou. – Ah, claro, quem escreveu essa mensagem também fui eu.
Arthur estranhou o fato de o velho saber seu nome, estranhou mais ainda do fato dele ter dito que fora ele mesmo quem causara tudo o que havia lhe acontecido. Como alguém poderia ser capaz de retirar o movimento de seus braços ou lhe causar um desmaio? Incrédulo, rebateu:
— Então me diga, Gustavo...
— Senhor Gustavo. — Interrompeu o outro, sorrindo de modo calmo.
— Claro... Senhor Gustavo... — Seu tom foi sarcástico. — Então me diga, se ia aparecer pouco tempo depois de eu ter acordado e me dado conta de que não poderia mais mexer meus braços, mãos e dedos, por que se deu ao trabalho de deixar essa mensagem ridícula sobre o espelho? E por que invadiu o meu apartamento, ao invés de simplesmente entrar como qualquer outra pessoa, batendo na porta ou tocando a campainha? Levanto em conta, é claro, que voc... o senhor é realmente o autor de tudo isso. — Estava claramente ironizando toda a situação, não cria que o tal Gustavo fosse alguém relacionado com aquilo, pensava seriamente que talvez aquilo tudo fosse um sonho ou uma alucinação.
O velho demorou algum tempo para responder.
— Só queria deixá-lo curioso e um pouco desesperado tentando entender o que significada tudo o que estava acontecendo.— Sua expressão era séria, não parecia estar brincando.
— Afinal, quem é você? – Arthur estava começando a se irritar com a presença daquele homem.
— Já respondi essa pergunta, me chamo Gustavo. E estou aqui justamente para discutirmos algo, meu caro Arthur, o seu futuro. Deve ter percebido, pela mensagem que deixei, que estamos profundamente desapontados pelo direcionamento que vem dando para suas habilidades artísticas.
— Estamos? – Perguntou Arthur, descrente, só via uma pessoa com ele no banheiro.
O rapaz parou um momento para refletir em resposta ao fato de Gustavo ter assentido com a cabeça. Até tinha pensado em algo do tipo, que aquela mensagem pudesse ter alguma relação com o fato dele desenhar, já que era nisso que usava sua mãos, mas toda a falta de sentido da mensagem fez com a idéia fosse descartada rapidamente, já que ela também parecia não ter sentido algum. Olhou mais uma vez para o homem, que vestia um terno de cor preta, impecável. Não conseguia ver uma parte do tecido amassada, estava perfeitamente liso, a calça se encontrava no mesmo estado. Os sapatos de mesma cor brilhavam mais que o azulejo.
— Na verdade... O que eu tenho a ver com a insatisfação de “vocês”? — Arthur ainda não conseguia admitir aquilo tudo como sendo algo sério, então resolveu aderir à brincadeira, fingindo interesse em sua voz.
— Melhor demonstrar antes de começar a explicação.
Gustavo começou a procurar por algo nos bolsos internos de seu paletó impecável. Tirou um pequeno bloco de anotações de capa dura vermelha e uma caneta toda requintada, abriu o primeiro e começou a rabiscar algo sobre uma página em branco. O bloco era fino, parecia não ter mais do que sete páginas, mas seu estado estava perfeito, então não devia ser velho. O sujeito parecia extremamente concentrado em sua tarefa. Arthur começou a se irritar com o fato sua pergunta ainda não ter sido respondida e já estava para reclamar quando o outro lhe mostrou o desenho que havia feito. Nele, Arthur estava impecavelmente retratado, movendo seus braços como se procurasse voar. O rapaz soltou um olhar de quem não tinha entendido nada a Gustavo, que lhe disse:
— Tente movê-los agora... seus membros imóveis até esse momento.
Arthur soltou um bufo mal-humorado, o que aquele idiota estava querendo. Que diferença aquele desenho bobo faria? Ficou parado, enquanto Gustavo dava sinais de que não faria nada até que o outro atendesse a seu pedido. Irritado e de cara feia, o jovem tentou mover seus braços. Sua expressão mudou para a de surpresa instantaneamente, quando viu que tinha controle sobre seus membros novamente. Apesar de ter achado que o desenho retratava uma cena impossível de acontecer, já que não se via movendo os braços daquele jeito retardado, percebeu que estava reproduzindo a obra fielmente.
— Como... Como posso mexê-los de novo? – Seu sorriso alegre dava um ar infantil à sua cara.
Gustavo olhou para ele com desgosto. Respondeu:
— Eu simplesmente permiti que isso acontecesse novamente, desenhando você mexendo seus braços como um paspalho aqui neste bloquinho. — Enquanto dizia isso, batia uma mão sobre a folha que continha os rabiscos.
Arthur parou de se mover instantaneamente. Perguntou com descrença:
— Então quer dizer que você controla o que posso ou não fazer com desenhos? Você me fez perder o movimento, escreveu a mensagem, me fez desmaiar, sumiu com meu vômito e agora devolveu o movimentos a eles?
— Sim.
— Ah, claro... E eu sou Deus, estou aqui nesse apartamento pequeno porque quero superar minha claustrofobia. – Zombou o rapaz, descrente.
Por mais que o fato de poder ter movido seus braços, mãos e dedos novamente após o desenho ter ficado pronto fosse verdade, Arthur teimava com si mesmo, insistindo que não acreditaria em algo como aquilo. Era impossível controlar a vida de uma pessoa através de reproduções em papel e caneta. Não poderia admitir que aquilo fosse verdade, apesar de que as situações inusitadas que tinham acontecido até o momento parecessem provar que normalidade não seria encontrada lá de forma alguma.
— Farei outra amostra grátis, sei que vocês nunca acreditam de primeira, você não é o primeiro garoto que age dessa forma. Todos agem... Peça alguma coisa. – Gustavo não tinha se alterado com a provocação, continuava a apresentar um comportamento impassível, esperando que o outro respondesse o que queria, enquanto segurava o bloco com uma mão e a caneta na outra, pronta para ser utilizada.
Arthur pensou por um tempo. Pediria algo bobo, mas que provaria pra ele que aquilo tudo poderia ser verdade. A diferença entre mover ou não mover não era tão sutil quanto a algo que mudasse de aparência.
— Me siga. — Solicitou ele, dirigindo-se a seu quarto. Apontou para o computador velho e amarelado que estava sobre uma mesa de madeira escura. — Quero um computador novo, que seja bem diferente desse.
Gustavo assentiu com a cabeça, virou a página do bloco e começou a desenhar na seguinte, enquanto Arthur espiava atrás de seu ombro. O desenho era formado por dois quadros, como se fosse uma história em quadrinhos, havia uma seta entre eles, apontado a direção correta a ser lida. No primeiro quadro, Gustavo desenhara o computador de Arthur exatamente como ele era. No segundo, desenhou um computador diferente, de aparência mais moderna. Logo após terminar a obra, Arthur olhou para seu computador e, percebendo que não houvera mudança alguma, comentou em tom de superioridade:
— Era assim que queria me provar que o que disse é realmente verdade?
— Você é muito apressado, meu caro. — Zombou Gustavo, com a voz calma. — Ouça bem, a ação só se torna realidade depois que o desenho ganha a assinatura de quem o fez.
O homem escreveu seu nome no canto direito da página. Sua letra era elegante e possuía traços firmes, bem diferente da que fora usada na mensagem do espelho. Ao ver que Gustavo tinha terminado de assinar o desenho, Arthur olhou novamente para seu computador. Espantou-se ao ver que ele não estava mais lá, e havia sido substituído por um idêntico ao que o outro desenhara. Não ficou boquiaberto porque não gostava de demonstrar que havia se surpreendido, mas nunca presenciara algo do tipo em toda sua vida. Não poderia dizer que agora acreditava plenamente no que o Gustavo dissera, mas pelo menos tinha a certeza de que não seria mais necessário procurar algum sentido em tudo aquilo, porque ele simplesmente não existia, e seria bobeira perder seu tempo com isso.
Ficou quieto por algum tempo, pensando novamente na parte da mensagem que falava do mau uso de seus braços. Se para Gustavo, ou para quem quer que fosse, já que o homem dissera “nós” em uma de suas falas; tudo o que Arthur desenhara até hoje tinha sido inútil, o que seria útil então? Será que o sujeito considerava útil um desenho como o dele, que tinha o poder de mudar o que acontecia no espaço físico? Se era realmente isso, então o que significada sua presença lá e seu interesse em Arthur? O que Gustavo queria ao fazer com que ele se desesperasse com a perda do movimento de seus braços? Chamar sua atenção ao que ele poderia fazer, apenas? Só conseguiu parar de pensar em tudo quando Gustavo lhe disse:
— Foi por isso, meu caro, que nós, da OI, lhe deixamos esse recado e lhe demos um pequeno susto. Tudo o que queríamos era chamar a sua atenção para o que seria capaz de acontecer se quiséssemos. Soubemos de sua grande habilidade em retratar as coisas com perfeição, e ao nos darmos conta de que utilizava seu talento inutilmente, decidimos que teríamos que falar com você, tínhamos que fazer uma oferta para que viesse trabalhar conosco. Seus talentos seriam muito melhor utilizados, e teriam uma contribuição maior em nosso mundo.
— Você tá dizendo que quer que eu trabalhe pra vocês?
— Sim.
— Que história é essa de OI? Aliás, que história TODA é essa? – Arthur estava novamente se irritando com tudo aquilo. Aquele homem já estava tirando a sua paciência.
— OI é a sigla de nossa organização, a Organização da Interferência. Contratamos pessoas que conseguem retratar a realidade com perfeição para trabalhar conosco. Ao aceitarem, cada uma delas recebe um bloco como o meu.
Arthur ficou quieto por um tempo. Estava sendo convidado para trabalhar em uma organização que conseguia alterar as coisas simplesmente desenhando em um mísero bloco? Ainda não entendia o motivo de tudo aquilo existir.
— Afinal, pra que serviria uma organização dessas?
Gustavo suspirou antes de começar a falar. A explicação seria rápida, mas precisa.
— Como o próprio nome diz, a OI intervém na realidade através de desenhos. Nós simplesmente realizamos os desejos de nossos clientes. Não pense, porém, que os clientes chegam até nós e contratam nosso serviço. A OI atua no mundo inteiro, e o mundo inteiro tem chances de ser atendido pelos nossos serviços. Eu sou um agente da OI aqui no Brasil, e não sou o único daqui. E além de nosso país, existem vários outros agentes ao redor do mundo. Sempre que descobrimos alguém com talentos como o seu, tentamos fazer com que esse alguém trabalhe conosco. Em dias específicos, sorteamos alguma pessoa qualquer e realizamos algum desejo desse alguém. Tudo, é claro, sem que a própria pessoa saiba disso. Ao selecionarmos uma pessoa, obtemos informações sobre ela e temos uma noção de que mudanças ela quer que ocorra em sua vida. Depois de descobrirmos, um agente cuida disso e intervém na vida dela, simplesmente desenhando algo que vá levar o desejo dela a se realizar. Resumindo, a OI ajuda as pessoas a terem um desejo seu realizado, servimos como um Gênio da Lâmpada que só realiza um pedido e sem que esse seja feito diretamente. Os agentes da OI não recebem salário algum como recompensa, mas têm a permissão de, ao final de cada mês, utilizar uma página do bloco para desenhar qualquer coisa que queiram, seja para realizar um desejo deles mesmos ou de qualquer outra pessoa. Não restringimos o uso dos poderes do bloco, simplesmente tudo é permitido. É claro, porém, que o abuso desse poder acarretar na expulsão do agente de nossa Organização: ele perde o caderno e a oportunidade de continuar trabalhando conosco. Como a escolha de nossos clientes se dá por um sorteio imparcial, não nos importa ou não se o desejo dele é bom ou mau, justo ou injusto; simplesmente o realizamos e nos satisfazemos com isso. Fique avisado, então, de que se aceitar o cargo e pegar um cliente que quer matar alguém, esse alguém terá de ser morto. É claro que se ficar inconformado com isso, você ainda tem a página grátis mensal para usar a seu bel prazer, e vingar-se ou não se seu antigo cliente fazendo “justiça” cabe somente a você. Como dissemos, pode-se tudo, desde que não se abuse. A cada bloco esgotado, perguntamos a você se vai querer ou não continuar trabalhando conosco. É a única oportunidade, além do mau uso do bloco, que terá de sair da organização. Cada caderno contém apenas dez páginas, logo o intervalo entre poder ou não sair não é tão longo. Resumidamente, é isso.
Gustavo parou de falar de repente. Arthur percebeu que ele tinha acabado sua explicação, mas ainda tentava computar toda aquela informação que acabara de receber. Parecia tudo muito idiota e impossível de ser verdade, mas vira o bloco ser utilizado duas vezes, e agora tinha certeza de que quando acordara sem poder mexer seus braços, um desenho disso tinha sido feito em algum intervalo de seu sono. Não sabia o que dizer, não sabia nem mesmo se deveria dizer alguma coisa. A oportunidade de trabalhar com aquela organização era única, mas ao mesmo tempo em que envolvia pontos atraentes como o fato de trabalhar desenhando, realizando o desejo das pessoas e fazendo o bem a elas e ao final de cada mês ter uma página a ser gasta como bem se quer; também envolvia os pontos perigosos, como pegar um cliente criminoso e cometer um assassinato. Não tinha entendido todos os pontos de como funcionava aquilo tudo, não via nem sentido em alguém criar uma organização daquelas apenas para satisfazer o desejo das pessoas. Tentava não pensar muito nisso, porém; se um desenhos que se tornam realidades não têm sentido algum, que sentido teria uma organização que se aproveita disso para funcionar? Sua mente girava sem parar, quando foi interrompido pela pergunta definitiva de Gustavo.
— É a hora de responder, meu caro. Essa é sua única chance; se recusada, a proposta não será feita novamente. Cabe a você decidir se continuará a usar seus desenhos de uma forma qualquer ou se vai utilizá-los para ajudar a OI. É por isso que pergunto, meu caro, se aceita a proposta de trabalhar conosco. Aceita ou não aceita?
Arthur não sabia o que dizer. Aquela era sua única chance, Gustavo já deixara avisado que não voltaria atrás. Não tinha tempo para pensar muito. Mas não sabia de onde tinha surgido aquele homem, não sabia se seria certo ou não confiar em tudo aquilo. Como é que haviam descoberto sua existência? Existe uma infinidade de pessoas que desenham bem, por que chamariam logo ele? E não via como poderia sortear pessoas comuns para terem seus desejos realizados, o mundo possuía bilhões de pessoas, não tinha como isso acontecer de fato. Tudo aquilo ainda lhe parecia muita maluquice, mas a oportunidade era única e lhe atraía como nada antes o fizera. Revisou toda a informação que ainda era forçada a entrar em sua cabeça antes de respirar fundo e responder:
— Aceito.



...Esse é o Totau Sheip Luv



Agora você pode emagrecer juntinho de seu amor.
Com o Totau Sheip Luv, vocês malham enquanto namoram.
E o melhor: tudo no mesmo ritmo!
O ritmo do amor ,D

quarta-feira, 2 de julho de 2008

...Que "Oi" vai ser postada aqui também.

Ahn .-.
Decidi postar a história que tou escrevendo aqui também o_o
Sei lá porque, já que só posto num fórum de Zelda e talz \ii
 Anyway, postarei capítulos novos aqui sempre que sair algum. Os desenhos continuam, também.

---

OI

PRÓLOGO

Desenhar era algo cotidiano para Arthur. Há doze anos, quando o jovem rapaz ainda era uma criança em seus oito anos de idade, ganhara uma caixa de lápis de cor de seus pais. Não era, porém, uma simples caixa de lápis de cor como as das outras crianças, era muito mais que isso. A sua possuía quarenta e oito cores diferentes, enquanto as dos seus amigos tinham simplesmente doze tonalidades básicas e sem graça nenhuma. Como todo garoto que gostava de mostrar o que tinha de superior, sempre levava a caixa na escola, para fazer inveja aos outros alunos. Suas notas em matérias relacionadas a desenhar, inclusive, eram sempre as maiores da sala. A professora vivia elogiando o garotinho, que a partir de então decidira que desenharia por todo o resto de sua vida.
Não quebrou a promessa. Arthur continuou a desenhar incansavelmente, fazendo pelo menos um por dia. Mesmo quando o dia só tinha dez minutos para serem gastos livremente, esses dez minutos eram usados para se desenhar algo. Suas técnicas foram se aperfeiçoando, e seus desenhos, cada dia mais elogiados pelos amigos, professores e familiares, tornaram-se característica que o identificava perante a sociedade da sua pequena cidade. Logo ficara conhecido como Arthur, o desenhista.
Sua reação quanto à sua humilde fama variara conforme o tempo. Quando criança, ficava apenas feliz com a idéia de ser elogiado por algo que adorava fazer. Conforme o tempo foi passando e a adolescência chegou, começou a se achar um rei na área artística. Seu ego aumentava um pouco a cada comentário positivo que ouvia. Quanto às críticas, simplesmente as ignorava. Não aceitava a idéia de pessoas que nem sequer faziam homenzinhos de rabiscos pudessem encontrar defeitos em suas obras que, para ele, beiravam a perfeição.
Logo, começou a ganhar um pouco de dinheiro com tudo isso. Pessoas e mais pessoas apareciam pedindo para serem retratadas. Em seus dezessete anos de idade, o fazia com maestria. Captava cada detalhe do rosto das pessoas, passando-os para o papel com técnicas de lápis aperfeiçoadas ao máximo. Cobrava pouco, mas como os pedidos eram vários, acabava com uma boa quantia ao final de cada mês.
Apesar de famoso e constantemente elogiado por seus desenhos, Arthur tinha uma vida solitária. Quando criança, preocupava-se mais em desenhar que em fazer e conviver com amizades. Ao passar dos anos, sua dificuldade em se relacionar com as pessoas foi crescendo, ao mesmo tempo em que seu ego cada vez maior e sua personalidade forte influíssem para que fosse taxado de um garoto chato e metido. Não ligava muito para isso, no começo, mas quando percebeu que sem seus desenhos não teria o que fazer e com quem fazer, começou a procurar firmar algumas relações. Poucas deram certo.
Uma das que tinha vingado era com Ana, que conseqüentemente virara sua melhor e única amiga. A garota era muito positiva, e sempre tendia a ver o lado bom das coisas, característica que lhe proporcionara uma quantidade de amigos e admiradores enormes. Apesar de ser grande amiga de Arthur, Ana sempre dizia que não o conhecia tão bem. O garoto era fechado, e não refletia seus sentimentos de modo expressivo, fazendo com que nem sua melhor amiga o conhecesse direito ou soubesse o que ele pensava em determinadas situações.
O rapaz terminou a escola e conseguiu ingressar em uma faculdade, onde já freqüentava o terceiro ano do curso de Artes Plásticas. Sua amiga Ana estudava na mesma instituição, mas fazia o curso de Artes Cênicas. Sempre fora expressiva e interessada em teatro, e dizia freqüentemente que ainda seria uma artista famosa, ou que escreveria e dirigiria peças que se tornariam conhecidas. Arthur, porém, percebera há um tempo que diferente de sua amiga, não possuía ambições, queria simplesmente continuar desenhando, e se trabalhasse com isso, poderia passar mais tempo o fazendo.
Suas notas no curso eram sempre altas, e logo tinha virado exemplo de admiração para vários alunos. Gostava disso, de sempre ser o centro das atenções, e percebera que se não o fosse, sua vida se tornaria um lixo, até porque ainda tinha dificuldades em nutrir amizades. Ana continuava a ser sua única e melhor amiga, mas afastara-se um pouco, em comparação à época de escola, por não estudar mais na mesma sala que ele e por ter que realizar trabalhos diferentes, sobrando pouco tempo livre permitindo que os dois pudessem se ver. Percebeu, porém, tarde demais. Não teve tempo para tentar mudar e permitir que se tal coisa acontecesse, pudesse lidar com isso de uma forma sadia.
Foi durante o começo de seu terceiro ano como universitário que as coisas mudaram. Um novo aluno, transferido de uma outra instituição, chegara e impressionara a todos logo de cara. Seus dons artísticos equiparavam-se aos de Arthur. O rapaz, que se chamava Guilherme, diferentemente de Arthur, não dava tanta importância ao que os outros pensavam de seus trabalhos. Agradecia os elogios e as críticas constantemente, mas era perceptível que para ele, tudo isso era indiferente.
Arthur, obviamente, começou a invejar o rapaz que repartia o posto de centro das atenções com ele, declarando-o secretamente como seu inimigo mesmo antes que o pudesse conhecer direito. Evitava participar de conversas que envolviam Guilherme, e irritava-se com a simples menção de seu nome. Não gostava dele, não gostava de seus desenhos, mesmo sabendo que eram todos muito bons. Não gostava da admiração que sentiam por eles e não gostava do fato de que alguém algum dia pudesse ser melhor que ele.
Conviveu com isso por algum tempo, seu humor ficando cada vez mais instável. Ana percebia a raiva acumulada, e aconselhava-o sempre a deixar de ser bobo e aprender a aceitar que nem tudo aquilo que queremos pode se tornar realidade. Nada, porém, conseguia convencer a teimosia de Arthur, que se esforçava cada vez mais em seus estudos para voltar a ser o melhor.
Tudo mudou, porém, em um dia como qualquer outro de abril. Arthur acordou e levantou-se de sua cama, quando percebeu algo muito estranho em si mesmo: por mais que tentasse, seus braços, mãos e dedos não se mexiam. Achou que pudesse ser apenas dormência de seus membros, conseqüente de poder ter dormido em alguma posição ruim. Mas sua suposição passou rapidamente quando percebeu que o formigamento não passaria tão rápido, e quando, ao dirigir-se ao banheiro para ver se o espelho denunciaria algum indício suspeito em seus braços, viu que uma mensagem muito estranha estava escrita em uma tinta negra sobre o vidro:
“SEUS BRAÇOS, MÃOS E DEDOS FORAM TOMADOS DEVIDO À SUA MÁ UTILIZAÇÃO DURANTE OS ÚLTIMOS VINTE ANOS. ENTRAREMOS EM CONTATO EM BREVE.”
Abaixo da estranha mensagem, encontrava-se algo mais estranho ainda. No local em que deveria haver alguma assinatura, lia-se simplesmente uma palavra escrita: “OI”.
Antes de qualquer outra reação desesperada que teria em poucos segundos, a primeira coisa que Arthur fez foi se perguntar:
- Quê?

quinta-feira, 26 de junho de 2008

...Wallpaper zoneada não dá mais


Seria uma imagem usada num trabalho pra faculdade, acabou nem rolando e usei pra fazer um outro wallpaper (tava enjoado do meu antigo).
Espero que dessa vez eu realmente respeite o espaço destinado aos ícones, e não saia baixando coisas como louco e salvando tudo na desktop a ponto de deixá-la lotada o_o

Talvez eu use pro trabalho anyway...
E talvez eu passe a não respeitar de novo ii'
É tão fácil salvar tudo na desktop rs

segunda-feira, 23 de junho de 2008

...A história do rehab era mentira?



Pois é, nem tudo o que nos falam é verdade.
Ainda mais quando envolve uma pessoa polêmica e conhecida.
Não, não falo da Amy Winehouse...
Porque tiops, andar por aí carregando uma vara não é pra qualquer um rs.

Pega ele monstro.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

... Acabou?


E agora comofas/
Continuarei postando aqui acho o_o

Desenho que fiz pro concurso da Square+DeviantArt World Ends With You
Imitei o traço do jogo, vetorizei tudo e criei tal menine (alguns acham que é homem, outros que é mulher sem peitos).
Perdi rs

Febre + Garganta Inflamada + Gripe + Nariz Carregado + Conjutivite não é legal fikdik

terça-feira, 27 de maio de 2008

...O 4º Trabalho, o do Layout, segue-se abaixo.


Vide descrição do post anterior.
Quase serve pra esse.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

...O trabalho 3 ficou pronto.



Muito sono, horas e horas e horas (Leila Lopes?/?) de trabalho pra nem gostar rere



...Errar também faz parte, veja o Aproveitamento de Papel.


Errei ;D

terça-feira, 6 de maio de 2008

quinta-feira, 1 de maio de 2008